quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Jubiabá

Análise do filme Jubiabá (1986)


Moça Lindinalva, morta, vira fardo 
Carga para os ombros, suor para o rosto 
Luta no labor, novo sabor, labuta 
Feito a mão e não mais por magia 

Negro Balduíno, belo negro baldo 
Saldo de uma conta da história crua 
Rua, pé descalço, liberdade nua 
Um rei para o reino da alegria
(Música “Jubiabá” de Gilberto Gil)

O Jubiabá é uma filmografia de Nelson Pereira dos Santos. Este roteirista tem como base para a produção do filme a obra “Jubiabá”, do renomado escritor baiano, Jorge Amado.  O ponto central do filme é a busca de Baldo (personagem principal da obra) para construção da sua identidade, e a luta por um amor impossível entre um homem negro e uma mulher branca.
O preconceito é outro ponto marcante na obra. Ao longo do filme pode-se perceber que os negros são sempre colocados numa posição inferior na sociedade, assim como, são expostas de diversas cenas nas quais os mesmo são tratados de forma pejorativa. Frases como: “Um negro aqui dentro, isso não vai dar em boa coisa” e, “Você é um negrinho sujo”, são constantemente usadas no filme e retratam o que foi aqui mencionado.

(o velho jubiabá no filme “Jubiabá”)

 A construção da identidade do protagonista, ao longo do filme, tem uma das suas principais causas a sensação do não pertencimento aquele espaço. A superioridade racial do branco aparece o tempo todo no filme. Baldo é o elemento que luta para inverter esta situação. Ele é o representante da raça negra que reage e mostra sentir os movimentos da vida.
 No final do filme, Jubiabá diz: “Os ricos secaram os olhos da bondade e eles podem a hora que quiserem secar os olhos da maldade”, e ajoelha-se ao lado de Baldo como se ele fosse Oxolufã, Oxalá velho, o maior dos orixás, e ele sai caminhando na frente com vários homens atrás. Nesta passagem, fica evidente a tendência para crer em entidades ou forças sobrenaturais, ou seja, o misticismo entre os personagens.
Ademais, o filme traz um apanhado geral de questões ligadas escravismo e, de forma concisa, traz uma discussão sobre a organização dos terreiros e seus elementos constitutivos.  Outro ponto importante, refere-se à perseguição sofrida pela parcela da população adepta ao culto dos orixás, bem como,  seus métodos e estratégias para continuar praticando seus cultos. Em suma, o filme representa uma crítica ao modelo estrutural da sociedade na década de 30, onde os negros estavam à margem da sociedade, e o culto as religiões de origem afro-brasileira eram amplamente condenados.

  

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