Análise do filme "Barravento" de Glauber Rocha, sob a perspectiva do Candomblé
Ofereço-te Exu /
O ebó das minhas palavras /
Neste padê que te consagra /
Não eu / Porém os meus e teus
/
Irmãos e irmãs em
Olorum /
Nosso pai / Está / No Orum /
Laroiê!
Quando os escravos africanos
desembarcaram no Brasil trouxeram consigo somente aquilo que nenhum dominador
podia arrancá-lo, aquilo que seria seu apoio e sustento para sobreviver às
condições degradantes, como miséria e analfabetismo: a fé. Arrancados à força
de suas nações não podiam encontrar aqui nenhum ponto de referência que
suprisse suas necessidades humanas, espirituais e materiais. Foi nos seus
deuses de origem e na natureza que buscaram e encontraram forças para resistir. E foi nesse contexto que nasceu, portanto, o sistema religioso do Candomblé, centrado no culto aos orixás, ancestrais divinizados.
Firmino (Antônio Pitanga) é um antigo morador, que foi
para Salvador na tentativa de escapar da pobreza. Ao retornar ele sente atração
por Cota (Luíza Maranhão), ao mesmo tempo em que não consegue esquecer sua antiga
paixão, Naína (Lucy Carvalho), que, por sua vez, gosta de Aruã (Aldo Teixeira).
Firmino encomenda um despacho contra Aruã, que não é atingido. Pois de acordo
com a mãe-de-santo da aldeia: “Aqui não se faz nada contra quem é protegido de
Iemanjá”.
Durante o filme podemos
perceber manifestações enraizadas pelos descendentes dos escravos africanos e
que depois tornaram-se características próprias da cultura negra, da identidade
negra. Como a capoeira e o candomblé.
Dentre as contribuições dos africanos
para a sociedade brasileira, destacamos a religiosidade, com toda sua
diversidade. A palavra Candomblé é de origem banta, que significa um complexo
de crenças, rituais litúrgicos, cultos e conhecimentos.
O candomblé recebeu uma maior
influência das tradições religiosas da região ocidental da África, que tinham
como prática o culto de imagens em pequenos altares e os sacrifícios de animais
em oferendas às divindades, realizados em espaços especificamente destinados
aos rituais coletivos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário