Análise do filme Jubiabá (1986)
Moça Lindinalva, morta, vira fardo
Carga para os ombros, suor para o rosto
Luta no labor, novo sabor, labuta
Feito a mão e não mais por magia
Negro Balduíno, belo negro baldo
Saldo de uma conta da história crua
Rua, pé descalço, liberdade nua
Um rei para o reino da alegria
(Música “Jubiabá” de Gilberto Gil)
Carga para os ombros, suor para o rosto
Luta no labor, novo sabor, labuta
Feito a mão e não mais por magia
Negro Balduíno, belo negro baldo
Saldo de uma conta da história crua
Rua, pé descalço, liberdade nua
Um rei para o reino da alegria
(Música “Jubiabá” de Gilberto Gil)
O Jubiabá
é uma filmografia de Nelson Pereira dos Santos. Este roteirista tem como base
para a produção do filme a obra “Jubiabá”, do renomado escritor baiano, Jorge
Amado. O ponto central do filme é a
busca de Baldo (personagem principal da obra) para construção da sua
identidade, e a luta por um amor impossível entre um homem negro e uma mulher
branca.
O
preconceito é outro ponto marcante na obra. Ao longo do filme pode-se perceber
que os negros são sempre colocados numa posição inferior na sociedade, assim
como, são expostas de diversas cenas nas quais os mesmo são tratados de forma
pejorativa. Frases como: “Um negro aqui dentro, isso não vai dar em boa coisa”
e, “Você é um negrinho sujo”, são constantemente usadas no filme e retratam o
que foi aqui mencionado.
(o velho jubiabá no
filme “Jubiabá”)
A construção da identidade
do protagonista, ao longo do filme, tem uma das suas principais causas a
sensação do não pertencimento aquele espaço. A superioridade
racial do branco aparece o tempo todo no filme. Baldo é o elemento que luta
para inverter esta situação. Ele é o representante da raça negra que reage e
mostra sentir os movimentos da vida.
No final do filme, Jubiabá
diz: “Os ricos secaram os olhos da bondade e eles podem a hora que quiserem
secar os olhos da maldade”, e ajoelha-se ao lado de Baldo como se ele fosse
Oxolufã, Oxalá velho, o maior dos orixás, e ele sai caminhando na frente com
vários homens atrás. Nesta passagem, fica evidente a tendência para crer em entidades ou forças sobrenaturais, ou seja, o misticismo entre os personagens.
Ademais,
o filme traz um apanhado geral de questões ligadas escravismo e, de forma
concisa, traz uma discussão sobre a organização dos terreiros e seus elementos
constitutivos. Outro ponto importante,
refere-se à perseguição sofrida pela parcela da população adepta ao culto dos
orixás, bem como, seus métodos e
estratégias para continuar praticando seus cultos. Em suma, o filme representa
uma crítica ao modelo estrutural da sociedade na década de 30, onde os negros
estavam à margem da sociedade, e o culto as religiões de origem afro-brasileira
eram amplamente condenados.